sábado, setembro 27, 2008

Eu sou o cara estranho que mora na casa do Antônio Marcos

Acostumado a ser  anônimo em Santos não demorei a ver como são as coisas em cidade pequena.

Segunda semana na nova cidade, fui a pé até o açougue a 2 quarteirões de casa. O açougueiro, para minha surpresa:
- Você é de Santos, não é?
- Sou mas agora tô morando aqui.
- É, eu vi a placa do carro. 
- Viu, é?
- É, passei na frente.  Você ta morando na casa do Antônio Marcos, não é? 
- É, isso aí.

Dias depois, na porta escola das crianças, um pai de aluno aguardando o portão abrir puxa papo:
- ...e aí, novos na cidade?
- Pois é, mudamos há menos de um mês.
- Vocês que tão morando “lá no alto”, na casa do Antônio Marcos?
- Eu mesmo. 

Um mês depois, numa entrevista de emprego:
- Então você veio de Santos?
- Isso, há uns 2 meses.
- É você que tá morando na casa do Antônio Marcos?
- Isso. Você conhece?
- Trabalha comigo.
- Gente muito boa, o Antônio.


Bom, então desconfio que  apesar de conhecer pouca gente na cidade muita gente já sabe que viemos de Santos e que moramos na casa do Antônio Marcos. Agora só falta explicar pro pessoal que  a casa não é mais dele, é minha.


Acima uma foto feita pelo Google Earth da casa do Antonio Marc...digo, da minha casa. Se você notar bem dá pra me ver ao computador na janela do bloquinho verde.

tecnologia "abesta-criança"


Durante o treino de fórmula 1 hoje passou uma propaganda que sempre me irrita mas demonstra como a tecnologia pode dificultar o desenvolvimento das ranhuras do cérebro. No caso as crianças são o foco.

Falo do Scenic Kids Renault, a propaganda já passa há um tempo. Começa com Highway Star, do Deep Purple (baita som) ao fundo e três crianças se estapeando no banco de trás do carro para desespero dos pais. Eis que cruza com ele o tal  Scenic Kids onde três crianças estão vidradas numa pequena tela de DVD disposta no teto, quietas, ignorando o mundo exterior. No final, a frase: "o único com tecnologia acalma-criança".

O carro vem com DVD e video-game. Talvez uma nova versão do carro possa trazer um coquetel  de calmantes no porta-luvas. E depois que chegarem ao destino? Bom, aí os pais podem providenciar uns i-pods, celulares, um computador com banda larga ou ligar a TV, qualquer coisa que faça a criança ficar quieta e não encher o saco

Acho que a propaganda passou uma imagem de alienação não muito saudável. Pode até ter sido eficiente já que existe público consumidor que compartilha da idéia. Mas não é mais legal olhar pelas janelas, descobrindo coisas diferentes, conversando uns com os outros? Crianças as vezes brigam dentro de carros sim mas são crianças, pô. 

E quantas vezes o pequeno Johnny e a pequena Jardim, que tem quase 5 anos,  não comentaram ou questionaram  sobre coisas que viram em passeios ou viagens? 

Agora, se você que está lendo tem um Scenic Kids e comprou porque achou a idéia "o máximo" foi mal, hein.

  

terça-feira, setembro 23, 2008

Tetas de nega e polvilho doce


Não sei por que, estava batendo papo com a sra. Garden no café da tarde - entre namoro vai-e-vem e casamento estamos juntos há 18 anos e nunca falta papo - e lembrei de um passeio mensal que fazia com meus pais quando tinha uns 10 ou 11 anos. 

Num sábado escolhido a esmo íamos a uma loja de doces próxima ao estádio da Vila Belmiro, em Santos, e podíamos escolher as guloseimas. Hoje chamam de bomboniere mas acho que loja de doces se encaixa melhor. Era um imóvel antigo, com pé direito alto, balcões de madeira gasta com grandes vidros e prateleiras com caixas envidraçadas contendo biscoitos e chocolates. Chamava-se "A Baleira" (será que ainda existe?) .

Não comprávamos muita coisa mas normalmente eu escolhia um caixinha de "tetas de nega" (maria mole com cobertura de chocolate)  e biscoito de polvilho doce. Em casa devorava parte da mistura estrambólica tomando coca cola e lendo Mandrake e Fantasma. Ou então lendo os grandes albuns do Strapontam (alguem lembra do Strapontam?) e assistindo Chips na tv.

Agora é bom. Mas foi bom antes também.


segunda-feira, setembro 22, 2008

Catavento


Tá, último post de hoje falando sobre Expoflora. Estou há mais de ano sem escrever, a empolgação é natural...
Final da chuva de pétalas dias desse, na multidão parecia que um catavento ia pra casa sozinho. De primeira não vi quem estava segurando. Talvez uma criança com o braço comprido, sei lá. 



Mas depois vi o senhorzinho oriental com a esposa e o catavento e achei bacana. Estava envolvido no "espírito da coisa". Será que pegou uma pétala no ar? Se pegou, desejou o que?

Só por estar ali já merecia um desejo concedido. 

Chuva de Pétalas



O ponto alto da Expoflora acontece todos os dias, as 5 da tarde. É a chuva de pétalas. Termina o desfile, soltam um texto nos alto falantes, uma musiquinha e pronto, eles tem a multidão com lágrimas nos cantos dos olhos. Daí o Tulipa, um cara que vaga pela festa vestido de holandês usando um cabeção de tulipa laranja (tirando o calor, que tipo de emprego deve ser esse? ) , sopra pétalas de 18 mil rosas sobre os visitantes.


É que eu sou coração mole mas estive em 5 chuvas de pétalas nesta edição e me emocionei nas 5. Diz a lenda que quem consegue pegar uma pétala no ar antes que toque o chão terá um desejo realizado.

 Em 2007 estivemos na Expoflora e desejamos nos mudar para cá. Bom, com a gente deu certo.

Expoflora 2008... que pena, acabou...


Holambra tem uns 10 mil habitantes. Talvez dê para entender o que a Expoflora representa para a cidade: só no primeiro fim de semana da festa mais de 30 mil visitantes percorreram as alamedas e pavilhões da festa.  O apelo é simples, flores e tradições holandesas – música, danças e comida. Fazem parte do dia a dia da cidade que, colonizada há 60 anos por holandeses, é responsável por grande parte das flores comercializadas no Brasil e exportadas.

Deixando o lenga lenga de lado, é uma baita festa. Para as mulheres que gostam (pelas minhas contas são quase todas) , lojinhas e stands. Um monte de coisas para comprar, desde cristais, objetos de decoração, para jardim,  peças holandesas até inegáveis e sinistras bugigangas. E flores, claro. Mudas, sementes, vasos de dezenas de tipos de flores e folhagens.

Para os homens, uma área da cultura que combina com seu o estilo, hã, digamos, um tanto rasteiro: cerveja. Claro, mulheres apreciadoras dessa arte também usufruíram da gelada. E importante, com um caminhão de chopp na retaguarda. As flores podiam até acabar, a cerveja não.

O mais legal é o clima de festa, com música, parque de diversões, shows, bandas volantes, essas coisas do gênero. Para quem não conhece vale a pena. 

Como será "um brinde" em holandês?

domingo, setembro 21, 2008

Chega a primavera e junto chego eu


Adeus inverno, amanhã chega a primavera. Hoje termina a Expoflora, a grande festa da cidade, desta pequena, pacata e bela cidade que elegemos como "terra prometida" após deixarmos as areias de Santos. Bem, bem, bem, haverá tempo e letras para falar de tudo. 

Só quero iniciar o blog com a mesma expectativa com que aguardo a nova estação. Com certeza trará mudanças em nosso jardim e, segundo a moça que copiei abaixo, chegará também para esse curioso grupo de criaturas, os sem-jardim.

Para ilustrar, o lindo girassol que, do nada, ou talvez plantado pelos pequenos seres da natureza, brotou e floresceu na calçada de nossa casa como para nos dizer que, sim, a vida é bela, principalmente para quem mora na cidade das flores.

"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega." 
                                                                                                                                    (Cecília Meireles)